sábado, janeiro 16, 2010

Mentes aprisionadas pelo preconceito

Ainda em meados de 2001, logo nos primeiros dias na faculdade fui surpreendida por mim mesma ao perceber o quanto um preconceito pode aprisionar a mente de uma pessoa. Estudava com um garoto de Luanda, na África, e um dia pedi para ver fotos da cidade dele. Nem faz tanto tempo assim, mas não havia Orkut, Facebook ou redes sociais para ver imagens na internet, então ele levou alguns registros impressos. Antes mesmo de ele tirar as fotos da bolsa, perguntei se veria elefantes e girafas atravessando a rua ou mesmo imagens de guerrilha. Para minha alegria eu estava errada. Vi um lugar bonito, moderno e até parecido com Brasília em alguns pontos. Minha atitude me lembrou o modo como o Brasil é visto por muitos estrangeiros e a velha tríade: mulher, carnaval e futebol.

Anos mais tarde, a minha paixão pela prática jornalística me fez ouvir e ver tantas outras pessoas falarem sobre lugares e situações desconhecidas, que aprendi a gostar de ouvir histórias, perguntar e saber mais o que o outro tem a oferecer de novo. Hoje sei que esse saber ouvir é essencial para viver em sociedade também e vejo que quem carrega e alimenta um preconceito aprisiona e priva a própria mente de ver o novo. Confesso que me incomoda quando ouço pessoas criticando outras, lugares ou atitudes a partir de uma visão dominada por preconceitos.

São pessoas que se privam de provar do novo, por puro medo de mexer no que está estabelecido. Ou simplesmente ignoram o aprendizado que o outro tem a oferecer. Tenho pensado muito sobre ética da alteridade e percebido que se esta fosse uma prática comum aos seres humanos haveria menos problemas na convivencia com o diferente. A alteridade está centrada no outro, no diferente e te leva a conhecer para então respeitar esse outro. Espero um dia conseguir viver plenamente a partir da alteridade e perceber ao redor pessoas que partilhem deste mesmo modo de perceber o mundo, o novo e o diferente. Espero libertar minha mente a cada dia mais no simples exercício de ouvir, entender e aprender com o outro.



Um comentário:

Anônimo disse...

Olá Lillian,

Seu texto me trás uma visão. A imagem de galinhas, sim, galinhas! Tal animal passa a maior parte do seu tempo aos siscos projetando sua visão apenas em um pequeno ângulo, olhar para seu milho de cada dia é o suficiente. O fato é que precisamos ampliar nosso campo de entendimento social, cultural e até mesmo de empatia.
A postura de criar conceitos e mais conceitos sobre diversos temas que não conhecemos faz de nós pessoas medíocres na qualidade de conhecedor.
Bacana seu olhar sobre avançar ao descobrimento sempre que possível daquilo que não conhecemos e com isso nos encher de saber e criando assim um olhar mais verdadeiro sobre as coisas que AINDA não sabemos.

Forte abraço, um ótimo ano!

Jair Gabardo.
www.paraquefiquem.blogspot.com