quarta-feira, agosto 30, 2006

Os dissabores da reportagem - um dia na cobertura do caso Osvaldo Pereira

Vida de repórter nem sempre é fácil, mas existem casos extremos, viu! Tenho sido responsável pela cobertura do caso Osvaldo Pereira (leia o texto abaixo) e, naturalmente, minhas reportagens tem incomodado o candidato envolvido, que por duas vezes disse, por telefone, que tenho sido "cruel" com ele. Quero, primeiro esclarecer que trabalho de a Lei de Imprensa (5.250/67) que garante a liberdade de expressão, e depois na minha função de repórter, reporto os fatos e versões das fontes. Por isso, convido o leitor deste blog a acessar as matérias publicadas no jornal sobre o caso. A primeira "Candidato à venda" fala sobre o flagrante do Fantástico e as implicações legais da atitude do candidato. A segunda "Justiça tira Osvaldo do ar" mostra a atuação do Ministério Público Federal e do Tribunal Regional Eleitoral frente à atitude do candidato. A terceira "Osvaldo fecha comitê" mostra a atitude do candidato diante da pressão que tem sofrido. E a quarta leia na edição de amanhã (31 de agosto) no Diário da Manhã.

O fato é que, ao se sentir ofendido pela cobertura do caso, o governadoriável perdeu a cabeça ontem ao me encontrar (de novo) no Ministério Público Estadual (MPE) para fazer cobertura de outras irregularidades do candidato ainda da época em que fora diretor do Procon municipal. Osvaldo fez ameaças sutis e, visivilmente perturbardo, disse que poderia processar o jornal e a mim pela cobertura. Ora, processar por tentar reportar à população as versões da sucessão de fatos podres que vieram à tona depois da exibição do Fantástico?
O acusado ficou ainda mais nervoso ao perceber a presença do repórter fotográfico que me acompanhava no trabalho. "Não quero aparecer, esse ai veio aqui a mando daquela lá (eu)". Não, não mesmo, meu caro candidato, nós dois estávamos ali no exercício de um trabalho digno e honesto.

Mas o pior, foi no momento em que deixou a sala onde prestava depoimento sobre cinco crimes de que está sendo acusado. O GOVERNADORIÁVEL dirigiu-se à mim e disse: "Você está contra mim, é uma carniceira."
E é por isso, por essa última frase ofensiva proferida na presença do repórter fotográfico que escrevo neste espaço. Para dizer que não trabalho contra esse ou aquele. Os fatos estão contra tal candidato. Escrevo também para dizer que o trabalho da imprensa precisa ser respeitado e que a sociedade deve estar atenta a qualquer tipo de tentativa de limitar, o já tão limitado, trabalho da imprensa.

Até entendo o Osvaldo, que disse que não gostaria de ser fotografado, de aparecer como acusado. No lugar dele eu não iria querer aparecer nem no Fantástico (hihihihi). Mas, confio na justiça (claro que com um pé atrás) e confio ainda mais na atuação do Ministério Público. E que venha a tão sonhada reforma política que o Brasil tanto necessita. Enquanto isso, nunca torci tanto para que essas legendas de aluguel fiquem retidas na Cláusula de Barreira este ano. Apesar de insuficiente, seria uma tentativa real de põr fim às barganhas, negociatas, aluguel de mandatos e práticas afins, como uma vergonhosa tentativa de vender espaço no horário eleitoral GRATUITO.

(Lillian Bento)

2 comentários:

Revista Hipertexto disse...

Osvaldinho acusar alguém de carniceiro soa, no mínimo, surreal. Mas a gente tem que enfrentar esse tipo de coisa mesmo.

Beijo.

Revista Hipertexto disse...

O post aí é meu.

Pedro.