segunda-feira, junho 28, 2010

Um poema - uma gota de mim

"Se um poema foi escrito por um grande poeta ou não, isso só importa aos historiadores da Literatura. Suponhamos, só para argumentar, que eu tenha escrito um belo verso. Uma vez escrito esse verso não me serve mais porque, como já disse, esse verso me veio do Espírito Santo, do subconsciente ou, talvez, de algum outro escritor. Muitas vezes descubro que estou apenas citando algo que li tempos atrás, e isto se torna uma redescoberta. Melhor seria, talvez, que os poetas fossem anônimos."

Jorge Luis Borges

Sendo assim, ouso postar o meu poema. Um que integra um projeto maior, ainda embrionário, que em futuro breve (assim espero) poderei apresentar a todos.

Estranho estrangeiro

Estranho

Estrangeiro

Que um golpe ligeiro

De um destino certeiro

Roubou a alegria

Deixou a apatia

Da lembrança da pátria

Agora distante


Estranho

Estrangeiro

Lépido e arteiro que fora um dia

Agora experimenta a agonia

De ver escorrer entre os dedos

Os ideais de harmonia


A terra estranha, gelada e seca

Hostil lhe acolhe sem afagos

No peito acalenta a velha saudade

Da terra mãe e suas carícias


Estranho

Estrangeiro

Dos dias fagueiros

Sobraram breves lembranças

Saudades espaçadas

Choro, canções e pegadas

A serem guardadas

Junto com o desejo

De um dia voltar


Estranho

Estrangeiro

Vives agora

Da esperança de um dia

Viver o que agora é lembrança

Fazer o espelho lhe devolver

O já esquecido sorriso faceiro


Lillian Bento