sábado, janeiro 13, 2007

Imprensa que eu gamo

A frase sugestiva do título é o nome do bloco carnavalesco formado por jornalistas: O Imprensa que Eu Gamo! O grupo sempre elogiado por ser dos mais animados do carnaval carioca está precisando de Rainha da Bateria. A notícia é do Blog da Juliana Rangel, do Globo Online e como ADORO sambar estou em fase de análise profunda para lançar minha candidatura! :)

No blog a jornalista conta que a atual rainha de bateria, Mirelle de França, está cansada (sintoma típico da prática jornalística) e que não está disposta a encarar os ensaios. O bloco promove também um concurso para escolher o samba-enredo 2007. Os interessados devem enviar email para: alves.ramiro@gmail.com
É importante lembrar que para as duas categorias os candidatos devem ser jornalistas.

É uma ótima oportunidade para os jornalistas de Goiás soltarem o corpo e a voz na avenida e ficarem menos azedos. É claro que a dica não vale para todos.

terça-feira, janeiro 02, 2007

Bigamia profissional

De acordo com a definição do dicionário Houaiss, bigamia é a "realização de novo casamento sem que se tenha dissolvido o anterior". Neste contexto, vivo agora uma bigamia profissional entre o jornalismo político e o jornalismo popular. Na cobertura do processo político, desde a pré-campanha de 2006 até dezembro passado, me apaixonei pela área que é repleta de sedução e interpretações. Todos os dias ao receber ou descobrir uma pauta me sentia instigada a buscar informações e me comprazia na apuração, nas nuances dos bastidores e na montagem dos quebra-cabeças que algumas reportagens exigiam.

Agora de volta à cobertura de Cidades, em especial da educação de crianças e adolescentes, desfruto cada fase do processo de produção da notícia. Tenho prazer desde a criação das pautas e do surgimento de idéias, que de alguma forma contribuem para a sociedade, até o momento da redação. Me sinto realizada ao penetrar nos diversos ambientes sociais, seja a mais suntuosa mansão ou o casebre mais simples que Goiânia e a região abriga. No último dia do ano, por exemplo, me preparava para o réveillon sem grandes reflexões sobre a vida até chegar no jornal e receber a incumbência de ir verificar como seria a virada de ano para as famílias que perderam grande parte dos bens com a enchente que arrasou uma invasão no Jardim Guanabara II, periferia da Capital.

Enquanto entrevistava aquelas pessoas, que apesar de todos os dissabores agradeciam a Deus por estarem vivas, não parava de lembrar do luxo que compõe a realidade da maioria dos políticos que encontrava cotidianamente no jornalismo político. Há uma ligação forte entre as duas áreas, uma precisa da outra. Mas em um balanço a partir da realidade daquelas famílias do Guanabara, a sociedade contribuiu muito mais com os que ocupam o poder com o voto, que o contrário. A situação, principalmente das crianças, me causou um nó na garganta que durou até a hora da virada, e em menor intensidade, ainda está presente.

Recebi a notícia de que uma senhora faria doações para as famílias atingidas e senti meu coração acalmar. Talvez seja apenas um ato de demagogia involuntária, mas de fato fiquei melhor ao saber que de alguma maneira minha matéria contribuiu. Sei que o caminho não é este, prefiro acreditar na concretização de políticas públicas que dê dignidade maior para a população. Sei também que não é este o papel do jornalista, mas não nego que penso sim sobre a situação.

Mas o fato principal é que minha relação de bigamia entre a política e o social permanece. Confesso que o jornalismo político me atrai como vagalume na noite escura. E de outro lado, o social me oferece um prazer apaziguador. Como no Brasil, mesmo que velada a bigamia é aceita, sigo assim sem pressa de escolher o melhor casamento.

Por Lillian Bento