segunda-feira, junho 18, 2012

Eu, Chico, Caetano, o tigre e o cocô













Na varanda de uma casa à beira mar, eu Chico Buarque e Caetano Veloso observávamos o mar que banhava o quintal e refletia a luz de uma lua de São Jorge, branca, linda e cheia.

Chico olha para mim e pergunta se quero repetir com ele a cena clássica que ele fizera com Caetano anos atrás: encher uma espécie de pipa de gás e voarmos juntos segurando a rabiola. Topei na hora.

Enchemos uma pipa em formato de navio e seguramos na rabiola juntos. Voamos livremente sobre a Guanabara (foi isso que Chico dizia) até passarmos por baixo de uma ponte quando eu cai no mar. Chico caiu antes e precisou nadar mais que eu para voltar até a margem. Com medo de tubarões, perguntei a Chico se era seguro nadarmos naquele mar escuro.

Ele respondeu que sim e fomos devagar até uma pequena margem, cheia de casas velhas. Parecia uma favela. Caetano ficou pra trás, foi embora e não voltou. Eu e Chico seguimos engatinhando por aquela pequena praia que misturava areia e mato. Parei. Senti uma mordida em minha mão. Era um tigre, pequeno, mas feroz. Chico, bravamente, matou o tigre e me protegeu.

Entrei em uma espécie de hotel e tudo que queria era tomar banho. Estava suja, mas encontrei minha mãe e meu irmão e contei minha gloriosa história ao lado de Chico Buarque.  Estávamos todos no hotel, construído em um prédio antigo, cheio de rachaduras e portas antigas. Consegui um quarto e poderia, finalmente, tomar banho, mas a lâmpada queimou. Estava no escuro. Não havia como trocar, então fui usar a banheira da suíte em que minha mãe estava hospedada, mas para minha surpresa, a banheira estava cheia de cocô. Ela me disse: Essa banheira não pode ser usada, ai a dona do hotel coleciona cocô.

Apareceu uma senhora de cabelos grisalhos, uma saia velha cinza e uma camiseta larga verde. Me entregou uma lâmpada em formato de garrafa de pinga. Quando tentei trocar a outra, que havia queimado, voltou a funcionar.

Acordei.