sexta-feira, dezembro 23, 2005

a véspera da véspera

Hoje foi um daqueles dias que me fizeram pensar onde estão os meus planos, meus princípios e porque minha realidade ainda dista tanto deles. O dia começou com uma clássica compra de natal no maior shopping center da cidade: um inferno. Milhares de pessoas comprando, consumindo e deixando de lado tudo que há no natal fora o impulso de comprar, comprar, comprar. Parecia um formigueiro e no primeiro momento ali escolhendo presentes, a pequena Maria (minha filha) do lado, me vi dentro da onda, da velha onda da indústria cultural. Depois, umas duas horas depois, parei. As sacolas na mão pesavam e com elas o sentimento de fraqueza, de ter sucumbido e cedido a tudo aquilo. Enfim, saímos.

Hora do almoço, a televisão ligada (Discovery Kids!), passa uma propaganda de uma tal cantora K.Key aparece do nada. A Maria diz: - Mamãe, eu sei essa música. Quer vê? E antes que eu pudesse manifestar qualquer reação ela solta:
"Sou a Babie Girl e se você quê sê meu namolado, fica ligado".
Eu como mãe sei lá o que que sou, fiquei parada e disse: - Maria, Kelly Key não!
Ela riu como se eu tivesse dito: parabéns! não surtiu efeito nenhum... virou e continuou a ver desenho animado. E eu fracassada pela segunda vez.

Minutos de descanso e fui tomar banho para trabalhar. É, véspera da véspera, com dor nas pernas e me preparando para mais um dia, nunca sei de que, às vezes acidentes, outras assassinatos, outros eventos da elite goianiense (argh). Rotinas do horário em que me encontro no segundo maior jornal em circulação de Goiás. Saí.

Neste ponto preciso fazer um comentário importante. Por quatro anos e meio estudei na Universidade Federal de Goiás, e em todo esse período busquei o lado social da profissão, me apaixonei por idéias de promoção dos direitos de crianças e adolescentes e por direitos humanos como um todo. Senti durante todo esse tempo uma pitada de heroísmo em meus ideais, afinal um profissional da comunicação pode contribuir muito para a construção de uma sociedade melhor. Bom, tudo isso é para dizer que cinco meses no mercado me fizeram engolir muitos deles em tempo récorde, nunca pensei que me questionaria tanto em tão pouco tempo de formatura.

Mesmo assim, não desisti do jornalismo que acredito, e luto para fazer o melhor quando posso, fiz algumas matérias que de fato foram de grande utilidade pública e uma em especial que teve uma repercurssão muito positiva. Bom são outras histórias. Hoje não foi assim, para completar a véspera da véspera, entro no jornal, passo no banheiro antes e meu celular toca: editor. Entrei na redação e ele aguardava.

-Tenho uma matéria muito dolorosa para você hoje. E pior que seja para você.

-Pensei: será que alguém que eu gosto morreu em um acidente e ainda terei que cobrir! (Costumo ser lesada assim de vez em quando, sei que esse pensamento foi ridículo, mas não podia omití-lo neste texto).

Diante do meu olhar curioso e espantado ele prosseguiu:

-Terá que entrevistar o apóstolo César Augusto! Vai entrar no ar domingo o canal da igreja dele (evangélica!). O canal que a UFG perdeu para os evangélicos.

-Puta que pariu!

O espanto mais que esperado para quem sofreu tanto quando a tal igreja conseguiu a concessão em canal aberto na disputa com a Universidade Federal de Goiás. Nunca me conformei com a perda da instituição, da sociedade, da cultura, da ciência, do país. Não me conformarei jamais ao saber que grupos familiares reúnem-se na sala de tv para assistir pregações ao invés de programação cultural de qualidade. Dizem que a tal tv da igreja vai abrir espaço para a cultura local. Será que vão restransmitir o Goiânia Noise Festival?

Retrocesso.

Segui... gravador na mão, bloco e caneta. Entrei no suntuoso lugar. Entrevista pronta voltei para o jornal e: vejam domingo exclusivo no jornal em que escrevo. Sim, sou culpada. Mas sou jornalista. E amanhã é vespera de natal, e tempo de...? Bom, será que 2006 será diferente? ZZZZZZZZZZZZZZZZ...

segunda-feira, dezembro 19, 2005

cedo ou tarde...

Desde o começo do dia
Ela espera acabar com sua dor
Alguma luz que apague
As feridas da noite anterior
Quando a vida enfim parecia
Lhe ter dado a chance de abraçar o amor
Ele fugiu pela porta no fim do corredor

Seus olhos secos esperam a lágrima a cair
Mas ela não vem
Sua própria voz lhe pediu pra agir com sangue frio
Mas ela não tem
E agora procura sua alma perdida
No corpo não sabe de quem
E em sua cabeça ela começa a gritar
Mesmo não tendo ninguém pra escutar:

Onde estará meu amor que me deixou
Sem me avisar quando ou se vai voltar
Pro lugar que escolheu para ser meu
Mesmo que cedo ou tarde ele torne a me abandonar

Todos na rua parecem saber
Os detalhes do que aconteceu
E mesmo tão nua ela encara sem medo
Os olhares que lhe dizem adeus
Pois pra quem já perdeu o que tinha
Quando decide partir, já venceu
E em sua cabeça ela começa a gritar
Mesmo não tendo ninguém pra escutar

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Tudo é possível !!!!!?



Vou abandonar o que já sei
E acreditar no incrível
Pois foi por água abaixo aquele nosso plano infalível
E para suportar a dor de perceber
O seu desprezo ao me perder
Sei que preciso reinventar o amor
E colocá-lo novamente dentro de você
Quando eu modificar a imagem
Que aprisiona o seu pensamento
Você vai vencer o medo de viver e seus desdobramentos
E vai encontrar o caminho da beleza
Labirinto dado como perdido
E vai subir no alto de uma torre
Na alma do nosso castelo demolido
Tudo é possível, não há nada que se possa deter
O que era impossível acaba de acontecer
Eu sei que o Tempo é uma grande árvore
De galhos infinitos
E que o presente é o momento em que ela dá seu fruto mais bonito
E que amanhã tudo talvez

Nos apareça claro como foi no início
A mesma ilusão de amor nos faz saltar feliz
De um novo precipício
E então vamos sentir de novo
O gosto da eternidade
E confundir instantes de alegria com a real felicidade
Ou, sem percebermos,
Os dias irão passando como um trem sem estação
E lá estaremos nós com os pés no chão
Mas encostando o céu com a palma das mãos
...???


(Paulinho Moska)

quarta-feira, novembro 30, 2005

Apropriações... explicações?



Que o mundo eu sei não é esse lá, mas...

se alguem numa curva me convidar

eu vou lá

que andar é reconhecer

olhar...

isso porque....

Meu pai um dia me falou

Pra que eu nunca mentisse

Mas ele também se esqueceu

De me dizer a verdade

Da realidade do mundo

Que eu ia saber

Dos traumas que a gente só sente

Depois de crescer....

Por isso não me culpe, na verdade... tanto faz!

(Fragmentos Los Hermanos, montagem:Lilli)

terça-feira, novembro 29, 2005

nada de beleza nua.. só a solidão tão crua


"Eu vim andando, vagando, vagabundeando
Pelas ruas da cidade
Eu vim chorando, sorrindo, não quero entender
O porque dessa dor que me invade
Certas manhãs ou à tarde
Todas as noites ela vem e me arde
(...)
Nada de beleza nua,
Só a solidão tão crua
De deslizar minhas palavras tão tristes nesse papel (?)
Subo no último andar do edifício mais alto
Sei que preciso voar, mas é difícil dar o salto
Chego até a contemplar a infinita paisagem
Mas meus pensamentos me lembram que é outra viagem (...)"


Letra Paulinho Moska...
Sentimento: meu também (agora)

quinta-feira, novembro 24, 2005

Vem sentar-te comigo Lídia...


Esses versos marcam presença em minha vida, demorei pra decidir postá-los (mesmo que não goste de divulgar este enderço)
Mas a vida pediu de novo, me trouxe à tona de novo... cedi.







Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e nao estamos de maos enlaçadas.
(Enlacemos as maos.)

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e nao fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as maos, porque nao vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer nao gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassosegos grandes.

Sem amores, nem ódios, nem paixoes que levantam a voz,
Nem invejas que dao movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.

Amemo-nos tranquilamente, pensando que podiamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.

Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento -
Este momento em que sossegadamente nao cremos em nada,
Pagaos inocentes da decadencia.

Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-as de mim depois
sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as maos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.

E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço.

(Ricardo Reis - heterônimo Fernando Pessoa)

Sim

Sim, sei bem Que nunca serei alguém. Sei de sobra Que nunca terei uma obra. Sei, enfim, Que nunca saberei de mim. Sim, mas agora, Enquanto dura esta hora, Este luar, estes ramos, Esta paz em que estamos, Deixem-me crer O que nunca poderei ser.

segunda-feira, novembro 21, 2005

Admiração












Meus olhos, famintos, não se cansam
de te acariciar
Procuram sempre um novo ângulo
pra te admirar
E sonham mergulhar na sua boca de vulcão
Provar todo o calor que há na sua erupção

Escorregar nos rios claros
das margens dos teus pêlos
E encontrar o ouro escondido
que brilha em seus cabelos
Devorar a fruta que te emprestou o cheiro
E talvez desfrutar de um amor puro e verdadeiro

Esquecer o espaço, o tempo e o viver
Perder a noção do que é ter a noção do perder
Se um dia eu fui alegria ao te conhecer
Agora canto porque sinto a dor de não te ter

sexta-feira, novembro 18, 2005

A moeda de um lado só

Vem, vamos a lugar nenhum
Deixemos nossas roupas no chão
Esqueçamos nossos nomes e nossa prisão

Sim, aceitei entrar no teu mar
Sem saber onde as ondas vão dar
Navegar só se for por paixão

Ainda não encontrei a moeda de um lado só
Que me pedistes como prova de amor
Duvidando de minhas canções

Sim, prometo sempre o impossível
Pois não quero te dar algo que já conheças
E antes que me esqueças
Escrevo pra dizer que esperes por mim

Ainda não encontrei a moeda de um lado só
Que me pedistes como prova de amor
Duvidando de minhas canções

Sim, prometo sempre o impossível
Pois não quero te dar algo que já conheças
E antes que me esqueças
Escrevo pra dizer que esperes por mim

Impossível

O que era impossível acaba de acontecer!

terça-feira, novembro 08, 2005

Li... Lilli....Lillian...Lillian Bento....

Um dia desses resolvi mudar, mas ainda assim fazia apenas uma parte muito pequena do que eu queria fazer...
Me libertei de uma tal vida vulgar... caí em outra...
Eu quero ir atrás da minha cobiça, mas o fedor da carniça sempre me fez resistir!
Agora olho pro futuro e o que enxergo me desespera... pra mudar parece longe, improvável
Às vezes, muitas vezes assumo a postura apocalíptica de que já era, porque no fundo eu particularmente duvido que algo destruído possa se restaurar... e muito já foi destruído!
Na contramão enxergo uma luz no fim do túnel... mas também não poderia ser diferente porque tenho no meu coração um ser que mora onde o amor faz divisa com a paixão, um oásis no sertão, meu tesouro tão sem fim... o que guardo de maior do melhor que há em mim...
Mas ainda assim falta algo: nada pra colher no jardim... esta não é a vida que eu sempre quis...
Por que?
Existem avanços profissionais, descobri que adoro a rotina de jornal diário, menos de um mês depois da conclusão da minha graduação: o primeiro emprego em jornal... gosto mas os bastidores ainda me assustam. Pra dizer a verdade desejo que sempre me assustem, porque à muita coisa o dia que me sentir indiferente estarei enquadrada, enquadrada em um sistema velado que resultam na pátria amada em que vivemos...
Puxa, que confusão de sentimentos! Desabafo... toquei diversos setores da minha vida, nada de solução... ainda não consigo vislumbrar nada que possa desviar meu navio do grande motim... penso que estou chegando a um ponto importante da vida: o de saber duvidar de tudo, criticar, ler o mundo e perceber em desespero que não existe muito sentido pras coisas... é não tem... tudo parece frágil...
O Poeta aconselhou: mais vale saber passar silenciosamente e sem desassossegos grandes!
Que merda... não consigo: eis meu maior problema...
Desassossego
Tempestades
Desesperos
Empolgação
Tristeza....
Ai, vivo muito em extremos... queria ser calma...rio sereno, saber aceitar o que não posso... Ah, queria nada! Pra dizer a verdade quero o que dizem que não posso, e vou atrás... quebro a cara... putz! E como quebrei na última coisa que quis e a vida disse não! Mas não me conformei... estou quieta, mas à procura da melhor estratégia pra driblar o que a vida ofereceu!
O fato de a vida ser minha e tantas vezes ir por caminhos diferentes do que quero me irrita, e por isso toda minha tristeza passa a ser raiva... que logo vira sei lá o que...
Na verdade, será que sou eu?
Acho que sim, na verdade eu que não sei se sou eu... mas outro dia tive um sonho... e nos sonhos percebo quem sou, e me surpreendo... sou ..... será que sou eu que bebo água ao invés de cerveja?
É assim mesmo, cansei de escrever... não tem conclusão e nem começo meio e fim, como minha vida... como meus pensamentos...

segunda-feira, novembro 07, 2005

Hoje eu tô sozinha


Hoje eu tô sozinha
E não aceito conselho

Vou pintar minhas unhas e meu cabelo de vermelho
Hoje eu tô sozinha
Não sei se me levo ou se me acompanho
Mas é que se eu perder, eu perco sozinha
Mas é que se eu ganhar
Aí é só eu que ganho
Hoje eu não vou falar mal nem bem de ninguém
Hoje eu não vou falar bem nem mal de ninguém
Logo agora que eu parei
Parei de te esperar
De enfeitar nosso barraco
De pendurar meus enfeites
De fazer o café fraco
Parei de pegar o carro correndo
De ligar só pra você
De entender sua família e te compreender
Hoje eu tô sozinha e tudo parece maior
Mas é melhor ficar sozinha que é pra não ficar pior

Admito que perdi

Tem coisa que é melhor não ver...
Tem situações que é melhor nem viver...

seta x alvo
festa x seta
espaço x terra
futuro x passado
verdade x medo
inteiro x metade

... então me diz qual é a graça de já saber o fim da estrada quando se parte rumo ao nada?

...só pra anoitecer o que é escuro... to lembrando de você!

...ilusão fugir de mim, mas será que sou eu?

quinta-feira, outubro 27, 2005

Olhares

Despertamentos
(à Líllian, mãe-menina)

Cálida e silenciosa
mal nasceu a fonte e já se torna regato
amando afluentes
antecipando a vida.

Porém, o relicário doce
demanda providências incertas
e não é raro haver dor entre os sonhos
mas é uma dor esquiva, imprevista,
às vezes tempestuosa.

O tempo acaba fazendo tudo fluir
e há surpresas espantosas
à espera de quem ouse
doar-se sem planos
aos momentos menores.

Porque o importante das fontes
é a entrega gratuita

(Luiz Signates)

Este poema foi dedicado a mim, e coloco ele aqui por considerar importante a pessoa que se dedicou a escrevê-lo, meu caro professor Doutor, orientador e querido Signates...
Às vezes é estranho perceber os olhares e percepções das pessoas a meu respeito, algumas incomodam, querem saber o que a elas não importa (essas são chatas, mas sempre exisitirão... e que arrumem mais o que fazer!). Outras conseguem ver em mim qualidades que nem eu enxergo... e defeitos também e quando há carinho e amizade todos esses olhares me auxiliam na caminhada. É o caso deste poema, um olhar doce... que tantas vezes nem eu vejo em mim, mas ai o mesmo Signates me ensinou as diferenças entre 'eu' e 'self'!
É isso, tem gente realmente importante na vida da gente, e você tem seu lugar na minha, professor!

quarta-feira, outubro 26, 2005

O meu caos embalado por Paulinho Moska

Ilusão, fugir de mim...
Luzes, Jasmim... meu coração vaso quebrado
Só pra anoitecer o que é escuro
Tô lembrando de você... uma vez

Será que sou eu na minha carteira de identidade?
Será que sou que ando no meu corpo pela cidade?
...Ou será que sou que minto pra dizer a verdade?
...Que tenho medo do jornal de amanhã?
Será que sou eu que penso ser o que talvez eu nem seja?

Porque já tranquei as portas e escondi as chaves...
Tudo que sonhei me incomoda agora...

A algum tempo o caos se instalou na minha cabeça... busco a ordem, mas acabei percebendo que não quero mais a ordem... e descobri que o problema era este... o caos era fruto da ordem que eu buscava... Ou busco? Não sei! O dia que descobri organizo...ou desorganizo de vez, ou só por um tempo...

terça-feira, outubro 25, 2005

Dia Após Dia


Dia após dia a mesma vida é a
mesma.
O que decorre, Lídia,
No que nós somos como em que não somos
Igualmente decorre.
Colhido, o fruto deperece; e cai
Nunca sendo
colhido.
Igual é o fado, quer o procuremos,
Quer o 'speremos. Sorte
Hoje, Destino sempre, e nesta ou nessa
Forma alheio e
invencível.