quinta-feira, setembro 14, 2006

11 anos de vazio

Lillian Bento  

Hoje faz 11 anos que não tenho mais o meu pai por perto. 14 de setembro de 1995, uma data que ficou registrada em preto e branco na minha memória. Um dia como outro qualquer, mas que a vida reservou para ser um daqueles que nos mostra a fragilidade e pequenez nossa existência. São onze anos de vazio, um vazio de não saber como teria sido ter meu pai por perto quando tive o primeiro namorado, quando passei no vestibular, quando estreiei no Teatro Goiânia e depois comecei a percorrer o País com o teatro. 

Um vazio de não saber qual seria a reação dele ao ver a filhinha, tão querida, grávida com apenas 19 anos. E um imenso vazio de não saber se seria tão carinhoso e mimaria tanto minha Maria quanto fez comigo enquanto pôde. 

Em minh'alma tenho a certeza que sim, afinal como amava crianças o meu pai. Na verdade penso até que exagerou nos mimos que dedicou a mim, mas é como se soubesse que passaria apenas 12 anos a meu lado e precisasse deixar claro o amor. Amor esse que sempre compartilhamos em uma relação linda. Como esquecer que ao chegar do trabalho, tirava os sapatos e pedia para que eu me sentasse no sofá, recostava a cabeça no meu colo e me pedia sempre para fazer "cafuné". 

Como esquecer da páscoa em que chegou com um ovo de chocolate maior que eu de presente. Como esquecer das viagens e do diário que escrevi aos sete anos de idade para contá-las. É, foram apenas 12 anos, mas muito bem vividos. Problema houveram, decepções também (como não?). Mas não representam sequer um milímetro perto do imenso amor que o dedico em meu coração. Nem sei como seria se o tivesse aqui hoje. Prefiro não pensar a respeito e ter as lembranças sempre dóceis e engraçadas de quem era meu pai. Antônio de Souza Neto. Um homem muito divertido. Boêmio por natureza. 

Amava a rua e as pessoas, aliás sempre lembro de meu pai cercado de pessoas. Recordo dos churrascos que promovia em nossa casa e que reunia amigos até a manhã seguinte. Penso que "herdei" dele o gosto pela rua e até alguns aspectos de minha vida profissional. Meu pai não era jornalista como eu, mas o seria fácil se assim tivesse pretendido. Era um comunicador por natureza e de um humor sarcástico, característica importante ao bom jornalista.  

Pai, terá sempre meu amor e minhas melhores lembranças. Só de uma coisa consigo me arrepender ao lembrar de ti, que é do fato de ter tido sempre um gênio tão difícil e um certo bloqueio de dizer claramente às pessoas que amo, o quanto as amo. Não me lembro das vezes que te disse um bom e sonoro "eu te amo". Mas sei que sempre soube de meu amor, e isso me conforta um pouco. De toda sorte, agora digo em meus pensamentos a ti direcionados o quanto amo. E sei, que o verdadeiro amor está além de tudo, inclusive da morte. "Tudo passa, só o amor fica e é eterno e imortal."

sexta-feira, setembro 08, 2006

Virtual(mente)

Hoje minha vontade é outra!

De onde vim? Pra onde irei? Não sei
Já nem sei no que vai dar
Nossa paisagem nova, pop filosofia