domingo, junho 18, 2006

Jornalismo político

Ao receber o convite para integrar a equipe de política do jornal, senti medo, insegurança e saudosismo antecipado de minhas matérias sobre infância e adolescência que marcaram minha estada na editoria de cidades. Mas hoje, quase dois meses na cobertura de política e envolvida nas idas e vindas da pré-campanha, articulações para as alianças na majoritária e proporcionais e agora na campanha das ruas, sinto os primeiros passos de uma paixão que parece: será incurável. Os sentimentos que o jornalismo político me despertaram não parecem nada "bonitos" para olhares cristãos, mas para mim são envolventes e apaixonates. Tenho aprendido a duvidar mais, a pisar em ovos (com elegância), a chorar por não poder, a rir sem querer e me decepcionar. Mas a experiência é rica, traz maturidade profissional e vontade de ir sempre além, de querer mais e saber mais.

Semana passada tive a oportunidade de participar de um curso de capacitação para jornalistas para a cobertura das eleições 2006, oferecido pela Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) e ANJ (Associação Nacional de Jornais). Ouvi Franklin Martins com a experiência de décadas no fazer do jornalismo político. Luiz Fernando Rila, chefe da sucursal do Estadão em Brasília. Este aliás me seduziu com a defesa do jornalismo cético por completo. Na cobertura de eleições desde o marcante ano de 1989, Rila conta as vantagens e desvantagens de não acreditar na política e no jornalismo para ser, assim, um jornalista político.


Mas sem dúvida a melhor discussão foi a dos blogueiros Guilherme Fiuza, do Política e Cia, Fernando Rodrigues, da Folha, e do encantador Jorge Bastos Moreno, do Globo. Senti que entro para a história do jornalismo, quando ela ganha um novo modelo, uma quebra de paradigmas com a apropriação do blog como ferramenta jornalística. Instrumento que redefine a construção do texto, dá as costas para a impessoalidade e imparcialidade e, sem dúvida, dá uma apimentada na cobertura das eleições de 2006.

Aliás, a minha primeira cobertura de eleições não podia ser mais apropriada. Este ano a mini-reforma política (Lei 11.300/06) pincelou a vontade de alguns de fazer a efetiva reforma e criou obstáculos a mais para importunar a prática de corrupção e abuso do poder econômico nas campanhas. Não são mudanças capazes de inibir a antiga e enraizada prática do caixa dois, mas são capazes de imprimir alterações com a proibição de outdoors e showmícios. Ao menos temos o prazer de ver candidatos perdendo peso com a prática intensiva de caminhadas e do famoso corpo-a-corpo com o eleitor.

Bom, dou a mim mesma as boas vindas ao mundo do jornalismo político, já com quase dois meses de prática. Que eu aprenda a ser mais e mais cética, a duvidar e continue querer sempre mais, mesmo diante da frustação de não alcançar nunca o ideal da isenção de interesses e da imparcialidade. Vamos às eleições e fiquem ligados na tv a partir do dia 15 de agosto, afinal faltam 30 dias para irmos às urnas.

terça-feira, junho 06, 2006

Cabelo Brancoooooo!!!!!!!!!!!!!

Juro que não sou do tipo que tem ataques de "histeria" por aí. Não mesmo. Mas segunda-feira, 5 de junho, tive um início de pânico quando a Janine mexia no meu cabelo e soltou a frase inusitada.

-Um cabelo branco.

-Ahhhhhhhhhhhhhhhhhh..... credo!

Minha reação foi absolutamente involuntária. O grito grave chamou atenção dos presentes, cerca de dez pessoas que guardavam o silêncio típico do local. Estavámos no cemitério. Senti-me envergonhada, disfarcei e fingi ter esquecido o fato.

Já na redação, tive um dia de turbulência. Daqueles em que as pouca coisa dá certo. Era deputado que não atendia telefone, senador que não dizia o que interessava, enfim... Mas a cada intervalo o fio prateado voltava a me tomar os pensamentos. O sentimento era de angústia.Queria me livrar daquele simples amontoado de queratina que carregava em si o peso da idade.

Exagerada

Acredito que não. É que o primeiro cabelo branco representa muito na vida de uma pessoa. Primeiro assusto porque em minha família as pessoas costumam demorar para ter fios brancos. Depois porque me assusta a idéia de a vida estara passando tão rápido e aparentemente fora de meu controle. O nascimento deste cabelo significa que tenho que apertar ainda mais o passo para correr atrás do que desejo.

Não haverá outra chance, assim como não haverá o nascimento de outro primeiro cabelo branco. Ai, lembrei do meu querido professor Signates que um dia depois de uma discussão do núcleo de pesquisa, me aconselhou a aproveitar mais o que de bom as escolhas que fiz me trouxeram. Ainda que meu ímpeto me levasse a somar apenas os prejuízos.

Na verdade tento ter paciência, pensar no tal "lado bom", e estava quase conseguindo. Até que veio esse cabelo branco aí para me pressionar. Ai, ai...

Ah, tem um problema: ainda não consegui me livrar do fio intruso que sumiu em meio aos meus adorados cabelos escuros. Por favor quem achar: denuncie!