sexta-feira, abril 03, 2009

Um amor pra toda vida (?)

Lillian Bento

Embalada pela velha mania de observar o comportamento humano e aproveitando uma fase sex in the city da vida (única coisa q tenho visto na TV ultimamente), quero escrever hoje sobre o amor! Ah, lá vem frases melosas e linhas sentimentais!!! Não. Nada disso. Longe disso. O quero falar é sobre as primeiras impressões de uma mulher sobre o amor, tão logo ela começa a se perceber como uma mulher - o que na minha adolescência seria por volta dos 18 anos, mas a cada ano essa idade fica menor, 15 ou 13 para algumas.

Agora há pouco observava no orkut o perfil de uma amiga da minha prima, que aos 18 anos fez um álbum de fotos do seu primeiro namorado. Com o título "Demorei muito pra te encontrar...", uma alusão à música de Vinícius Canturária, que ficou conhecida na voz de Fábio Jr. Demorou muito? É realmente 18 anos é muito tempo para viver sem o tal amor ideal. Todas as fotos, obviamente, traziam comentários de outras garotas da mesma idade. Uma delas dizia: "Amiga estou tão feliz por você!". Fiquei pensando por quê? Porque ela encontrou o grande amor, um companheiro ideal, mesmo sem saber o que seria um companheiro ideal.

Qual o problema da maneira apocalíptica com que adolescentes se entregam às paixões pueris? Nenhum. O que me intriga é a educação que, vai geração vem geração, continua a ensinar a mulher que a satisfação e realização pessoal é encontrar um homem, casar e conhecer a felicidade, que mesmo se não for tão real assim precisa ser mostrada, apresentada em álbuns de orkut, em mensagens apaixonadas e em frases românticas.

Neste nascer para a vida adulta e para os amores, fica uma lacuna para as meninas que não encontram o tal homem perfeito e começam a bater cabeça em relacionamentos frustrados. Para meninas que descobrem que gostam de meninas (essas devem sofrer muito) e simplesmente para quem escolhe deixar de lado essa tal necessidade de amar subitamente e estudar, trabalhar e investir em outras prioridades.

Claro, há exceções e mesmo quem não ligue para tais imposições sociais. Mas a mim, incomoda essa ideia de realização no outro, não porque não deva ser buscada, alcançada e vivida, mas porque a necessidade de ter alguém para mostrar e apresentar à sociedade pode deturpar a visão do que seja de fato o amor. E o que é? Eu sei? Não há como definir, mas prefiro ficar com o sentido filosófico do amor, um amor que está além das aparências ou da beleza exterior.

Um amor que não precisa dar satisfação, mas sim ocupar o espaço que falta na alma de alguém. Fiquei a pensar, se apresentar a experiência de Sartre e Simone de Beauvoir aos estudantes ainda no ensino médio não seria uma saída. Um exemplo de amor não compreendido pela Igreja Católica, mas que mostrava a importância de reconhecer no outro alguém necessário e respeitar as diferenças que este outro carrega. Ou mesmo a concepção de amor de Platão, pouco compreendido no senso comum.

A maioria das pessoas acredita que o amor platônico é o amor impossível, enquanto o que Platão sugeria era que o amor verdadeiro é o que supera o transitório, supera o momento e transcende. Tal sentimento não é necessariamente direcionado a alguém no sentido sexual e pode dizer respeito a qualquer campo da vida. Se tais palavras seriam aproveitadas por alguém no início da vida adulta não sei, mas já começariam a delinear a ideia de que amar é compartilhar com alguém, é estar com alguém e não TER alguém.

Não tenho, nem de longe, a pretensão de dizer o que é o amor, até porque tal definição não existe e o amor não está pronto, precisa ser conhecido, experimentado. É um processo gradual, que talvez tenha mesmo que começar de maneira apocalíptica. Vai saber....

5 comentários:

Anônimo disse...

Bom O Amor..quem vai entender..?!?!? Até Platãoo tentou .. hehe.. Ah O Amor!.. Como é lindo ! Porém.. cheios de ilusões.. Mas nem por isso deixa de ser o AmOr..
O que vc escreveu.. Me fez lembrar dos meu Amores.. sendo Platônico ou não...
rsrs.. o Amor vale a pena ser vivido, porém com os pés no chão.. sempre sabendo que vem e vão.. xD ..

bjOs

Elys Marina R. Bento .

Anônimo disse...

quando eu tinha 18 também tinha muitas certezas. ehehehehe

juniorvaller disse...

aos 12 eu nao sabia se gostava mais do spaceghost ou do spectroman.
aos 15 ouvia nirvana e achava q seria grunge pro resto da vida.
com 18 tirei carta e tinha certeza que já era responsável, nem tinha um carro!
com 22 achei q ia ser pai, quem bom, foi alarme falso.
aos 26 abri minha própria empresa, continuo sem um carro.
aos 30 fui viajar pra outro país e voltei cheio de certeza que o brasil é o país do futuro, balela.

certezas todo mundo acha que tem, o que vou ser, quem vou amar, o que vou ter.

a unica certeza que EU tenho é que eu continuo reescrevendo meus 12 anos.

beijo.

Leandro Coutinho disse...

A definição, a explicação está no campo do pensamento. O amor, no do sentimento. As tentativas de transferir o amor para aquele primeiro são sempre vãs. A poesia quase explica, mas explica justamente porque não explica. A gente lê e de repente entende. Sente. Como? Drummond explica "Amar se aprende amando".

Lillian Bento disse...

Ju, 12 anos é uma idade linda, emblemática... reescrevê-la pode trazer algumas certezas de volta. Reescreva. (d novo comentando meu próprio texto, mas não resisto) rs.

;)